Sexta-feira, 19 de Abril de 2024

Brasil

Publicada em 07/07/20 às 08:33h
FRANCA ISOLADOS A difícil rotina dos artistas do circo isolados pela pandemia em Franca

Radio Bela Vista SP

 (Foto: Radio Bela Vista SP)

A difícil rotina dos artistas do circo isolados pela pandemia em Franca 

Uma pequena cidade dentro de outra cidade. É assim que o administrador Júlio Castañera, peruano casado com uma brasileira, define o espaço em que estão confinados há mais de cem dias os 48 funcionários da área técnica do circo Tihany, ‘presos’ em Franca desde o início da pandemia. 
 
Mesmo sem apresentações, há muito trabalho no local. Os artistas, a maior parte estrangeiros, voltaram quase todos para seus países ou cidades de origem. Alguns tiveram muitas dificuldades para completar o trajeto, como um grupo de argentinos que tentou embarcar de avião por três aeroportos diferentes – Franca; depois Guarulhos, na Capital paulista; e por fim Viracopos, em Campinas. Não conseguiram. Retornaram para Franca. O circo então alugou uma van para levá-los até o país vizinho cruzando a fronteira por Foz do Iguaçu. Não deu certo. Lá, foram novamente parados pela imigração e impedidos de entrar na Argentina. Tiveram que esperar até que o consulado argentino providenciasse os documentos necessários. Finalmente, no dia seguinte, conseguiram atravessar a fronteira. Chegaram bem estão em suas casas. 
 
Outro desafio foi impedir que famílias formadas por artistas de diferentes nacionalidades acabassem sendo forçadas a se separar. “É uma preocupação que sempre tivemos. Quando pessoas de países diferentes se casam, logo os cônjuges tiram documentos (nacionalidade ou cidadania) no país do seu par. Como viajamos muito pela América Latina, estes documentos facilitam nossa vida. Tê-los em mãos facilitou muito”, explica Castañera.
 
Hoje, a maior preocupação do administrador é com relação à saúde da equipe. O grupo que permaneceu em Franca se isolou completamente do restante da cidade para se prevenir. Evitam qualquer contato com o mundo exterior, inclusive saídas para compras. Dois jovens foram escalados para comprar o que for necessário para os mais velhos. Passeios, como todos imaginam e querem, estão completamente fora de questão. “Tudo que conhecemos na cidade é Makro e Atacadão”, brinca o peruano.
 
Prejuízos
O baque do circo parado é muito grande. “É a nossa paixão, escolhemos isto. É totalmente frustrante (ficar parado). O dia a dia, receber as pessoas, os aplausos e sorrisos trazem uma felicidade que contagia a todos, mesmo os que não sobem no palco”, diz Castañera.
 
No local onde os equipamentos do circo seguem estacionados, os caminhões e trailers ficam estacionados formandos “ruas”. Há áreas residenciais e de trabalho separados. Nas de trabalho, a maior é a de manutenção de estruturas. Tudo foi desmontado e os equipamentos estão sendo limpos, lixadas e pintadas, pouco a pouco. “Estas estruturas estão sempre sobre a terra, em contato com poeira, sujeira, lama às vezes. Normalmente, limpamos e procuramos por defeitos, mas hoje estamos fazendo algo bem melhor, pois estamos há três meses sem apresentações”.
 
Sobre o futuro do circo, Castañera diz que por enquanto os planos são inviáveis. “Temos um planejamento anual que foi completamente jogado fora. O circo tem uma solidez financeira que permite, inclusive, mandar ajudas semanais para os funcionários. Mas este dinheiro não vai durar para sempre. Precisamos voltar a trabalhar logo”, afirma. 
 
 A direção acompanha o que é feito no mundo todo e no Brasil com relação a circos e parques de diversões e comemoraram muito quando os estados do sul liberaram os parques para trabalhar com 50% de capacidade. As medidas atuais previstas para São Paulo nas próximas fases, com 20% de capacidade de público, são insuficientes para um circo como o Tihany. Mesmo se o setor pudesse funcionar, com menos de 40% de público as lonas continuariam desmontadas. “40% (de lotação) seria o mínimo para manter os funcionários. Nossa estrutura, os custos, são muito altos... Energia, diesel, salários. Para a gente é difícil. Estamos nos preparando, acompanhando todas as medidas de segurança para serem adotadas e voltaremos assim que possível. Se não voltarmos logo, o circo pode morrer”.
 
Vida que segue
Entre os integrantes do circo que permanecem em Franca, o nervosismo com as incertezas trazidas pela pandemia do coronavírus é evidente.
 
Edgar Serrano, 35 anos, um mexicano cuja mulher é da Mongólia, tem uma filha nascida na Argentina. Há pouco mais de mês, a mulher deu a luz uma menina aqui em Franca. O parto foi na maternidade da Santa Casa, muito elogiada por Serrano. Todos estão bem e Serra garante estar tranquilo com relação a saúde, mas sua mulher não deixa ninguém chegar perto da criança. A motivação é religiosa e idêntico comportamento aconteceu quando nasceu a primeira filha do casal, na Argentina. Nem mesmo os vizinhos e amigos próximos chegaram perto nos primeiros meses, o que gera muitas brincadeiras entre os amigos.
 
Norman José Quadra Ruiz, 53 anos, da Nicarágua, trabalha no circo há 19 anos, responsável pelo sistema de ar-condicionado. “Trabalhamos e moramos no mesmo local, não podemos reclamar”, diz, aparentando tranquilidade. Sua maior preocupação nos últimos dias foi com o filho que teve cpvod-19 na Nicarágua e passou por maus bocados, deixando a família muito preocupada. Felizmente, foi só um susto e ele se recuperou. Outra fonte de intranquilidade é a dificuldade financeira. “A empresa está nos dando uma boa ajuda, coisa que nenhum circo onde eu tenho conhecidos está fazendo... Neste lado, somos abençoados por Deus. Mas sabemos que este dinheiro não vai durar para sempre se não voltarmos a fazer apresentações”.
 
Valda Gomes, 42 anos, de Manaus, é casada com Leonardo Jaramillo, de 62 anos, da Guatemala. Para o casal, o grande desafio tem sido a educação das filhas. “Olha, está sendo um pouco difícil, principalmente a educação das crianças. Minha filha mais velha estuda no Equador e estava aqui só nas férias, (mas) não conseguiu voltar para casa. A mais nova faz aulas online, mas é complicado”, lamenta. 
 
Uma ajuda veio de onde eles não esperavam. A prefeitura de Franca e três instituições de caridade da cidade doaram cestas básicas para os profissionais que seguem retidos em Franca. “Tivemos ajuda da prefeitura e de outras três instituições que nos trouxeram cestas básicas. Foi importante. Os funcionários puderam usar a ajuda de custo que recebem para (comprar) produtos de limpeza ou outras necessidades (pessoais)”, diz Castañera, agradecido. 



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