Idoso recebe ajuda após passar cinco anos morando na boleia de caminhão em Ribeirão Preto, SP 

No início do ano, o caso foi repassado ao Comitê de Atenção às Pessoas em Situação de Acumulação, órgão ligado à Prefeitura, que montou uma operação para limpar o terreno onde fica o caminhão. Nesta quarta-feira (12), a força-tarefa começou a retirar as pilhas de lixo acumulado.

Com doações de amigos e o apoio da família, o idoso terá, em breve, um lar construído no mesmo terreno.

“A família está apoiando. Todos estão ajudando a oferecer uma vida mais digna a ele”, diz a coordenadora do comitê, Kelly Cristina da Silva.

O idoso mora no bairro Florestan Fernandes, na zona Leste de Ribeirão Preto. Vizinhos afirmam que ele começou a acumular lixo há oito anos, e que o material passou a atrair ratos e insetos.

Com o passar dos anos, o idoso colocou alguns veículos no lote e a boleia de um caminhão velho virou sua moradia. A família diz que ele recusou todas as ofertas de ajuda, mas aceita que eles usem o dinheiro da aposentadoria dele para comprar comida e remédios.

Nesse período, mais pilhas de lixo se acumularam no terreno. Do início da manhã até o meio da tarde desta quarta-feira, foram necessários três caminhões para a retirada do material.

Roupas velhas, materiais recicláveis, ferramentas, bicicletas, móveis quebrados, uma geladeira, uma perua, um trailer, um carro e o caminhão, onde ele morava, foram recolhidos.

Segundo Kelly, o idoso sofre da síndrome de Diógenes, que altera o comportamento de forma que a pessoa busque o isolamento. Outras características são o acúmulo de objetos que não têm utilidade e a falta de higiene. De acordo com a coordenadora, o idoso fazia as necessidades fisiológicas ao redor do caminhão.

Kelly explica que os objetos retirados do terreno, até mesmo os quatro veículos, serão vendidos, para ajudar a construir uma pequena casa para o idoso.

“Tudo isso vai ser revertido para a construção da casa dele. Ele morava dentro do caminhão, dormia na boleia dele. Não tinha banheiro, não tinha cozinha, não tinha nada. Eram bem precárias as condições dele”, diz.

A coordenadora do comitê diz ainda que os vizinhos do idoso também se prontificaram em ajudar na construção do imóvel e já doaram materiais, como cimento, areia, cal e pedras. Até que o terreno seja preparado e a casa erguida, o aposentado vai morar provisoriamente na casa da irmã e do cunhado.

“Por incrível que pareça, foi a ação mais tranquila em relação ao acumulador. Ele se mostrou uma pessoa muito tranquila e entendeu que o que a gente está fazendo aqui era necessário. Ele está colaborando muito”, diz Kelly.

A previsão para terminar a limpeza é nesta quinta-feira (13). Durante todo o processo, Kelly ressalta a importância do acolhimento, para evitar que o idoso volte a acumular objetos.

“É importante que a família abrace, para ter resultado. A família tem que estar mais presente, com amor. Eles precisam entender que é uma doença, que não é de um dia para o outro que vai ser curado. Tem que ter paciência”, afirma.

De acordo com a coordenadora do projeto, há cerca de 100 acumuladores que estão sendo atendidos dentro de um cronograma, além de 35 pessoas que estão na lista de prioridade.

Os casos são centralizados na Secretaria de Assistência Social e as doações às famílias são recebidas pelo Fundo Social de Solidariedade, que também compõe o comitê.